Ei, contador! Se você vem acompanhando a Reforma Tributária, já deve estar por dentro das novidades com o Imposto de Valor Agregado, ou IVA. Este novo modelo visa unificar diversos impostos, simplificando e trazendo maior transparência para o processo de tributação no Brasil. O IVA incide em cada etapa da cadeia de produção, cobrando o imposto referente ao valor adicionado ao produto ou serviço em cada fase. E, atualmente, adotado por mais de 140 países.
A Reforma Tributária estipulou que a alíquota média do IVA. Sendo composta pela Contribuição de Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), deve ser de 26,5%, podendo chegar a 27,3%, e outros impostos. Sendo assim, espera-se que o parlamento aprove essas novas diretrizes antes do recesso. E segundo o presidente da Câmara dos Deputados, a previsão de início é em 17 de julho.
Portanto, nesse artigo, vamos esclarecer suas dúvidas sobre o IVA, entender a sua importância e o que esperar com a Reforma Tributária. Assim como entender melhor sobre essa mudança e como irá impactar o fisco brasileiro.
Você vai ler:
O que é o IVA?
O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) incide sobre o valor adicionado em cada etapa da produção e comercialização de bens e serviços. Todavia, ao contrário dos impostos cumulativos, o IVA não é cumulativo. Isso significa que ele cobra apenas sobre o valor efetivamente agregado em cada fase do processo. Ou seja, assim evita a cobrança do imposto repetidamente sobre o mesmo produto em diferentes estágios da cadeia de produção e distribuição.
Como funciona o IVA na prática?
Para entender melhor, imagine uma fábrica que produz um determinado bem. O imposto é aplicado logo quando a fábrica vende o produto ao distribuidor, um imposto é aplicado sobre o valor dessa venda. O distribuidor, ao comparar esse produto, paga o imposto. No entanto, ao revender para o comerciante, o valor pode ser descontado do imposto que já foi pago pela fábrica.
Finalmente, o comerciante vende o produto ao consumidor final e, novamente, pode descontar os impostos pagos nas etapas anteriores. Assim, o imposto final pago pelo consumidor reflete apenas o valor agregado em cada etapa.
Como será o IVA no Brasil?
A implementação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) no Brasil vai transformar o sistema tributário do país, unificando os impostos ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins. Dessa forma, eles serão agregados em três novos impostos: Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e Imposto Seletivo (IS).
No contexto brasileiro, a Reforma Tributária propôs a criação de um IVA Dual. O que significa que será composto por dois tipos de impostos distintos: um em âmbito federal e outro de competência estadual e municipal. Essa dualidade visa simplificar a tributação ao distribuir responsabilidades claras entre os níveis de governo, garantindo assim uma aplicação mais eficiente e equitativa do imposto em todo o país.
CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços
A CBS será responsabilidade da União. No IVA, ela substituirá três tributos federais: IPI, PIS e Cofins. Esse imposto incidirá sobre o valor agregado em cada etapa do processo produtivo, eliminando a cumulatividade e evitando a tributação repetida na mesma fase.
IBS – Imposto sobre Bens e Serviços
O IBS será administrado conjuntamente pelos estados e municípios. Ele substituirá o ICMS, que é estadual, e o ISS, que é municipal. Assim como a CBS, o IBS incidirá apenas sobre o valor agregado em cada etapa, proporcionando uma tributação mais justa e eficiente.
Imposto Seletivo (IS)
Além da CBS e do IBS, a reforma introduz o Imposto Seletivo (IS), conhecido como “imposto do pecado”. Este imposto visa desestimular o consumo de produtos que prejudicam a saúde e o meio ambiente, como bebidas alcoólicas, cigarros e agrotóxicos. O governo espera que o IS não apenas aumente a arrecadação fiscal, mas também promova hábitos mais saudáveis e sustentáveis na população.
Qual o objetivo do Governo ao implementar o IVA?
A criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) pelo governo visa principalmente reformar o sistema tributário brasileiro para torná-lo mais equilibrado e eficiente. Esse novo imposto busca unificar diversos tributos em uma única carga tributária, eliminando a distinção entre produtos e serviços e acabando com as múltiplas cobranças ao longo da cadeia produtiva, conhecidas como efeito cascata.
Objetivos principais do IVA conforme as Propostas de Emenda Constitucional
- Ampliação da Base de Cobrança: Segundo a PEC 45/2019 da Câmara de Deputados e a PEC 110/2019 do Senado, o IVA visa aumentar a base de tributação ao unificar diferentes impostos, simplificando o sistema e reduzindo a complexidade para contribuintes e empresas.
- Redução do Efeito Cascata: A Reforma proposta pretende eliminar a incidência múltipla de impostos ao longo da produção e comercialização de bens e serviços, garantindo que o imposto seja cobrado apenas uma vez sobre o valor adicionado em cada etapa da cadeia produtiva.
- Promoção da Isonomia e Uniformidade: As PECs destacam a importância de garantir que todos os setores da economia sejam tributados de maneira justa e uniforme, eliminando distorções e assegurando uma tributação equitativa.
Além disso, a introdução do IVA está alinhada com a meta de facilitar a fiscalização tributária e promover uma legislação tributária mais unificada em todo o país, conforme estabelecido pelas propostas legislativas. Em resumo, o governo brasileiro busca com o IVA criar um sistema tributário mais justo, eficiente e transparente, capaz de sustentar o financiamento adequado de políticas públicas essenciais para o desenvolvimento do país.
Qual será a alíquota do IVA?
A definição da alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) continua em discussão no contexto da Reforma Tributária no Brasil. Conforme o Ministério da Fazenda, há projeções iniciais que indicam uma faixa entre 25,9% e 27,5% para as novas alíquotas que entrarão em vigor com a implementação da CBS e do IBS. Nesse sentido, essa variação visa ajustar a tributação sobre o consumo, que atualmente está em torno de 34,4%.
Segundo Bernard Appy, secretário extraordinário da Reforma Tributária, a expectativa é de que a sonegação diminua, o que poderá influenciar na redução de alíquotas futuras. No entanto, ainda não há uma definição precisa quanto a isso.
A Reforma Tributária também prevê uma estrutura com diferentes alíquotas: uma alíquota padrão para a maioria dos produtos e serviços, uma reduzida de 60% para setores como saúde, educação, transporte, produtos agropecuários e cultura. Além disso, uma alíquota zero para itens específicos, como produtos da cesta básica. Adicionalmente, está em discussão a possibilidade de uma alíquota intermediária de 30% para profissionais liberais regulamentados, proposta incluída no texto-base da reforma.
Portanto, a definição final das alíquotas do IVA será estabelecida por meio de projeto de lei complementar, refletindo um esforço para simplificar e equilibrar o sistema tributário brasileiro, assim incentivando o crescimento econômico e reduzindo a complexidade administrativa para empresas e consumidores.
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Como será feito o cálculo do IVA?
Para compreender o cálculo do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), vamos usar como exemplo a produção e venda de smartphones, desde a fabricação dos componentes até a comercialização do produto final nas lojas. Vejamos como funciona a tributação em cada etapa, considerando uma alíquota de 15%. Veja abaixo um exemplo prático do cálculo:
Etapa 1 – Fabricação dos componentes
Vamos pensar na fabricação de um smartphone. A empresa A fabrica o processador e vende para a empresa B por R$ 500, com um adicional de R$ 75 de IVA. Sendo assim, o imposto devido pela empresa A será de R$ 75, calculado sobre o valor agregado na fabricação do processador.
Etapa 2 – Montagem do Smartphone
A empresa B compra o processador por R$ 575 e monta o smartphone, vendendo para a empresa C por R$ 800, com R$ 120 de IVA incluídos. Então, a empresa B pagará R$ 45 de IVA, após reduzir os R$ 75 já pagos na compra do processador.
Etapa 3 – Venda ao Consumidor Final
A empresa C adquire o smartphone por R$ 920 e o vende para o consumidor final por R$ 1.200, com R$ 180 de IVA incluídos. Em seguida, o consumidor final paga R$ 180 de IVA, o que corresponde à diferença entre os R$ 180 cobrados pela empresa C e os valores pagos nas fases anteriores.
Por fim, o consumidor final então paga R$ 1.380 pelo smartphone, já incluindo o valor do imposto que foi cobrado apenas uma vez em cada etapa da produção. Este modelo de tributação do IVA permite a dedução dos valores pagos nas fases anteriores, garantindo uma tributação eficiente e sem duplicações ao longo da cadeia produtiva.
- Para saber o valor agregado, você deve fazer essa conta:
- Valor de venda – valor de compra = valor agregado
Como funciona o IVA em outros países?
Atualmente, mais de 170 países adotam o Imposto sobre Valor Agregado como um dos principais mecanismos de tributação. Entre esses países estão o Canadá, a Austrália, as nações da União Europeia e até mesmo economias emergentes como a Índia, que implementaram o IVA recentemente. Esse modelo de tributação tem sido preferido por sua capacidade de simplificar o sistema tributário e evitar a incidência em cascata.
União Europeia
Na União Europeia, o IVA é uma das principais fontes de receita fiscal. Cada país membro possui sua própria alíquota, mas todos seguem diretrizes estabelecidas pela União Europeia para garantir uma aplicação uniforme e evitar distorções no mercado comum. A alíquota padrão varia, mas normalmente fica entre 17% e 27%, dependendo do país.
Canadá
O Canadá utiliza um sistema de IVA conhecido como GST (Goods and Services Tax) e HST (Harmonized Sales Tax). O GST é um imposto federal de 5%, enquanto o HST é aplicado em algumas províncias que combinaram o GST com seus impostos provinciais, resultando em alíquotas que variam de 13% a 15%.
Índia
A Índia implementou o GST em 2017, unificando uma série de impostos estaduais e federais em um único sistema. O GST na Índia possui várias alíquotas, que vão de 0% a 28%, dependendo do tipo de bem ou serviço. Esse modelo visa simplificar a tributação e promover uma maior transparência fiscal.
Contraponto: Estados Unidos e Brasil
Por outro lado, grandes economias como os Estados Unidos e o Brasil ainda possuem sistemas tributários fragmentados. Nos EUA, a ausência de um imposto nacional sobre o valor agregado resulta em uma combinação de impostos estaduais e locais sobre vendas. Dessa forma, no Brasil a complexidade é ainda maior, com múltiplos tributos incidentes em diferentes níveis governamentais, levando ao efeito “bola de neve” onde um imposto incide sobre uma base já tributada.
Em suma, a adoção do IVA em diversos países demonstra sua eficácia em simplificar a tributação e evitar a cumulatividade. Portanto, ao seguir esses exemplos, o Brasil irá modernizar seu sistema tributário, trazendo mais eficiência e equidade para a arrecadação dos impostos.
Qual a importância do IVA na Reforma Tributária?
O IVA é crucial na Reforma Tributária no Brasil porque simplifica o complexo sistema tributário nacional. Atualmente, as empresas lidam com diversos produtos, o que dificulta até mesmo na hora de fazer o fechamento contábil, dando ainda mais trabalho para os contadores. A ideia de unificar esses impostos em três visa reduzir a burocracia e os custos administrativos.
Além disso, o IVA elimina a cobrança cumulativa de impostos ao longo da cadeia produtiva. Sendo assim, no sistema atual, impostos são cobrados repetidamente, aumentando o custo final dos produtos. Com o IVA, o tributo pago em uma fase de produção é deduzido na próxima etapa, evitando a “cascata” de impostos e tornando o sistema mais justo e eficiente.
Outro ponto importante é a mudança na forma de cobrança, que será feita no destino dos bens e serviços, e não na origem. Isso acaba com a guerra fiscal entre os estados e municípios, promovendo uma distribuição mais equitativa da arrecadação.
Embora o IVA não resolva toda a complexidade do sistema tributário brasileiro, ele representa um avanço rumo a um sistema mais transparente e eficiente. A Reforma Tributária, ao incluir o IVA, busca criar uma base mais justa para a arrecadação fiscal, promovendo estabilidade econômica e incentivando o crescimento empresarial.
Conclusão
O Imposto sobre Valor Agregado é um mecanismo tributário essencial para um sistema econômico justo e eficiente. Ele evita a incidência em cascata, proporciona maior transparência e simplifica a estrutura tributária. Embora tenha recebido algumas críticas e preocupações justificáveis com relação à taxa cobrada no IVA, a implementação no Brasil, conforme a proposta da Reforma Tributária, é um passo significativo em direção a um sistema mais racional e equitativo.
Perguntas frequentes
O IVA no Brasil é o Imposto sobre Valor Agregado, que unifica vários tributos em um único imposto. Ele será cobrado sobre o valor adicionado em cada etapa de produção e venda de bens e serviços, evitando a cobrança em cascata.
A taxa do IVA ainda não foi definida, mas a projeção inicial indica que ficará entre 25,9% e 27,5%. A alíquota final dependerá da aprovação de leis complementares e da redução da sonegação fiscal.
O objetivo do IVA é simplificar o sistema tributário, reduzir a burocracia e tornar a arrecadação mais justa. Ele elimina a cobrança em cascata, aumenta a transparência e facilita a fiscalização.
O IVA é crucial na Reforma Tributária porque simplifica a estrutura de impostos, evita a guerra fiscal entre estados e municípios, e torna o sistema tributário mais justo e eficiente. Ele é um passo importante para modernizar a tributação no Brasil.